T3E1 – Série “Black Mirror”

Crítica comportamental X Tecnologia

     A tecnologia no decorrer dos anos vem se inserindo no convívio do ser humano de forma cada vez mais rápida. Quando inserida em nosso âmbito acreditava-se que seria algo para nos auxiliar nas diversas atividades que executamos no nosso cotidiano, algo que propiciasse maior agilidade e facilidade ao homem.

     No âmbito comunicacional a invenção de Graham Bell, o telefone, possibilitaria a comunicação das pessoas ainda que a longas distâncias. A idéia possuía muitos pontos positivos, afinal em dados momentos precisaríamos contatar pessoas que estivessem em lugares diferentes dos nossos.

     Com passar dos anos esta invenção foi aprimorada e com ela surgiram outros modos de comunicação além do telefonema em si, as mensagens de textos, e-mails, chamadas de áudio, chamadas de vídeo. Surgiram as redes sociais permitindo maior interação entre a sociedade. Mas a ascensão da tecnologia dever ser discutida, não do ponto de vista de que devemos parar no tempo, mas do ponto de vista que nos leve a entender que grande parte da população atualmente está dependente dela.

     A série Black Mirror vem com esse intuito, de modo criativo, em seus episódios faz menção ao uso da tecnologia de modo exagerado como se realmente sem isso as pessoas não pudessem viver. Mesmo que algo satirizado e para entretenimento traz um tema importantíssimo de ser abordado. Leva-nos a pensar no modo como utilizamos a tecnologia, na forma como ela tem moldado as nossas relações e a nossa imagem.

Mamíferos Parmalat

     No ano de 1996 a Parmalat em uma tentativa de consolidar a marca para o público infantil e adolescente, aumentar suas vendas e também inovar por trazer o leite UHT na época em ascensão, lança o comercial “Mamíferos Parmalat” nacionalmente conhecido e até hoje lembrado pelo seu imensurável sucesso.

     O que levanta a questão do porque foi tão aclamado e digno de prêmios consecutivos. Uma coisa é fato a agência responsável soube ser bem criativa, inovando na ideia de trazer crianças vestidas de mamíferos para participar da propaganda. Gera certa "comoção", trata-se de chegar ao psicológico dos telespectadores, afinal, as pessoas gostam de ver crianças sendo elas mesmas, fofas.

     Outra questão a ser levada em conta no caso da campanha ter feito um imenso sucesso é que ela lida com marketing em seu sentido literal. Pois em 1998 com a repercussão da primeira estratégia de marketing a Parmalat resolve lançar uma promoção no qual o cliente deveria juntar 20 códigos de barras de produtos Parmalat com mais oito reais era possível trocar por um bichinho de pelúcia segurando uma caixinha de leite Parmalat, ao todo eram 21 bichinhos, as pessoas não queriam ter somente um, mas a coleção inteira. Ou seja, houve uma troca por parte da marca/empresa com seu consumidor final. Ele adquiria o produto pela sua qualidade e pelo bichinho de pelúcia que iria obter.

Roteiro para a campanha

Vídeo	Áudio
Inicia-se com uma criança vestida de elefante brincando.	Inicia o jingle “O Elefante é fã de Parmalat...”
Em seguida corta para uma criança vestida de porco segurando uma caixa de leite Parmalat.	“O Porco cor de rosa e...”
Corta para uma criança vestida de macaco, com uma caixa de leite Parmalat no colo, fazendo caretas.	“o Macaco também são...”
Corta para uma criança vestida de panda tomando leite, e a frente uma caixa de leite Parmalat.	“O Panda e a Vaquinha...”
Corta para uma criança vestida de vaca segurando a caixa de leite Parmalat.	“só querem Parmalat...” Criança emite som imitando vaca. (Mugido – ‘Muu’)
Corta para três crianças uma vestida de foca, outra de urso e outra ao lado de elefante. Aparecem como se estivessem brincando, a criança vestida de foca rola no chão enquanto as outras crianças sorriem.	“Assim como a Foquinha o Ursinho e o Leão...” Som da criança sorrindo em conjunto com o jingle.
Corta para uma criança vestida de leão segurando três caixas de leite Parmalat. (Emite som de leão, rugido)	Criança emite som imitando o leão. (Rugido) Continua jingle “O Gato mia...”
Corta para uma criança vestida de cachorro bebendo leite Parmalat. (Emite som de cachorro)	“O Cachorrinho late...” Criança emite som imitando cachorro. (Latido – ‘Au’)
Corta para uma criança vestida de rinoceronte bebendo leite com uma caixa de leite Parmalat a sua frente.	“O Rinoceronte só quer leite Parmalat...”
Corta para uma criança vestida de gambá bebendo leite.	“Mantenha o seu filhote...”
Corta para a criança vestida de porco brincando e uma caixa de leite Parmalat a sua frente.	“forte...”
Corta para a criança vestida de gambá brincando, dando uma cambalhota.	“vamo lá”
Corta para uma criança vestida de ovelha segurando a caixa de leite Parmalat e sorrindo.	“Trate seus bichinhos com amor...”
Ultimo corte para a criança vestida de gambá dando leite a outra criança também vestida de bichinho. E no canto esquerdo aparece a logo da Parmalat. A criança pergunta a outra se ela tomou o leite.	“e Parmalat.” Som da criança dizendo: Tomou?

“É um problema que acomete muitos publicitários: a solução parece clara, mas a concorrência já se apropriou dela.”

Livro: Verdades, mentiras e propaganda - A arte do planejamento

Autor: Jon Steel

      É comum, em todo job que a agencia deve executar, em seu briefing estar descrito direta ou indiretamente que a peça a ser veiculada deve ser criativa. Criatividade significa a competência de com originalidade criar, produzir ou inventar coisas novas, não necessariamente é um dom que nasce com o indivíduo, mas algo que pode ser adquirido com prática e experiência. Pode ser descrita também como a capacidade de resolver problemas.

     Portanto, quando o cliente anunciante vai até a agência ele espera que o problema em questão seja solucionado de forma eficiente e criativa. Um dos problemas populares é que o cliente anunciante, por ainda não possuir contrato com uma agencia ou por estar trabalhando com agencias que cometem sempre o mesmo erro, veiculam suas peças com frases ou palavras clichês. Isso faz com que a marca seja generalizada, ficando quase que invisível.

     Então, ao dizer que “a solução parece clara, mas a concorrência já se apropriou dela.” significa que estamos nos voltando a uma solução que é eficaz, mas já foi mencionada por outra agência tornando-se algo repetitivo (trivial). Como publicitários devemos buscar ter uma visão diferente sobre aquilo, assim, olhando por outra perspectiva alcançaremos o objetivo de ter uma solução clara, mas que como foi vista de outro modo ainda não foi proposta por nenhuma agência.